segunda-feira, 22 de setembro de 2008

17 FATOS SOBRE OS DRAGÕES

A cada 20 ou 30 anos, os dragões mudam de pele.

Os Dragões Lung Asiático são mais mansos que os Dragões Europeus, tão mansos que podem vir a comer na mão de um humano.

O sangue do dragão pode ter poder curativo.

Os dragões acasalam-se de 28 em 28 anos aproximadamente.

Não é fácil enganar um dragão.

Durante os vôos os dragões utilizam suas caudas como leme.

Os dragões podem voar a altitudes não suportadas por humanos.

Os dragões têm as garras extremamente duras, por vezes tão duras como diamante.

Os dragões mais velhos dominam a línguagem.

Os dragões têm as membranas de suas asas muito parecidas com as asas de um morcego.

O dragão tenta, sempre que possível, engolir suas presas de uma só vez.

Os dragões são muito ágeis em seus seus vôos, pois seus ossos são muito leves e detêem a capacidade de refletir e rodar em suas órbitas.

As escamas dos dragões são muito resistentes e muitas vezes são utilizadas em armaduras.

Os dragões têm excelente visão, podendo avistar uma presa ou tesouro há quilômetros de distância.

O ciclo de vida do dragão é muito semelhante ao ciclo de vida do lagarto.

Os Dragões Europeus têm uma expectativa de 300 anos de vida.

Entre os Dragões Europeus, apenas as fêmeas cuidam de suas crias, já entre os Lindworms e Wyverns, tanto o macho quanto a fêmea, participam da criação de suas crias.

domingo, 14 de setembro de 2008

Lágrimas de Gaia na área!!!

Olá amigos.
O Caçador Urbano esta entrando em uma nova época. Minha GRANDE amiga e confidente Lagrimas de Gaia aceitou meu convite e agora faz parte do blogue. E como ela não é pouca coisa, já postou um belo conto.

Seja muito bem vinda, Lágrimas de Gaia!!!!

Uivaremos juntos a partir de agora.

Lágrimas no céu


Lágrimas no céu
Data 04/10/2003 00:05:00 | Tóopico: Arca: Contos

Conto inspirado em Lobisomem1
Conto de Werewolf: Wild West
vencedor do concurso de contos para Lobisomem
Por Nitro (Newton Rocha Jr.)
Cedido à REDERPG

Do alto de sua Caern, nos Montes Rochosos, um índio de pele avermelhada alto, de cabelos longos e negros presos com o símbolo sagrado dos Uktena feito com as penas da Águia Cinza meditava. Ele estava ouvindo o som dos Tambores Espirituais dos Cheyenne invocando o Protetor-da-Tribo. O índio levantou-se e olhou em torno. Ele estava sozinho. Do alto das pedras onde gostava de meditar no Grande Espírito, ele podia ver as chamas acesas pelos seus companheiros Uktena de sua Caern, uma enorme caverna encravada em meio a uma montanha que eles chamavam de lar. Bem não era apenas uma caverna, era o coração espiritual da sua segunda tribo, os Uktena. Porém não era os Uktena que ocupavam os seus pensamentos. Eram os Cheyenne. Com um leve pensamento, o índio se transformou em um enorme lobo vermelho e desceu as pedras em direção a Caern.
Os Tambores apenas tinham confirmado os sonhos que Nuvem-Vermelha tivera nas últimas luas. Como um Theurge, um dos homens-lobo nascidos na Lua Crescente, Nuvem-Vermelha tinha muitas visões, especialmente em relação à sua tribo de origem. Ele tinha sido um Cheyenne antes de se tornar um Uktena. Mas como mandava a lei do Grande Espírito, ele protegeria sua tribo de origem até a morte. Sempre foi assim a relação entre os homens-lobo e as tribos humanas das Terras Puras.



Pelo menos até a chegada dos Arautos do Wyrm, os "homens-brancos".



Todas as noites Nuvem-Vermelha sentia o Grande Espírito urrar de dor e ódio, a cada avanço dos "homens-brancos" pelas Terras Puras. Eles traziam a doença que estava consumindo continentes velhos, a doença que chamavam de "civilização". O aumento dos chamados aos Protetores-de-Tribo que pertenciam ao seu Caern indicava a destruição causada pelos Arautos do Wyrm, o rastro de morte deixado pelas tropas de "casacos azuis" ao avançar pelo interior das Terras Puras. Vários Uktena já tinham partido para ajudar os Apache, os Cherokees, os Navajos, os Yakamas, e muitos não haviam retornado. Milhares de tribos humanas estavam desaparecendo, sendo corrompidas, alienando-se do Grande Espírito, e a força dos Uktena estava se mostrando inútil para conter o avanço dos homens-brancos.



Mas não eram apenas tribos humanas que estavam perecendo. Os Croatan, uma tribo irmã de homens-lobo, havia sido destruída em um embate furioso com o Devorador de Almas, um espírito maligno invocado por Dançarinos da Espiral Negra infiltrados por entre os "homens-brancos". O Maldito devorara as almas dos Croatan, aumentando o poder da Wyrm sobre as Terras Puras.



Por isso os sonhos que antecederam o chamado dos Cheyenne haviam deixado Nuvem-Vermelha preocupado.



Nuvem-Vermelha sonhara com uma gigantesca sombra passando por cima dos Cheyenne. No sonho, os membros da tribo tentavam fugir da sombra, mas ela os alcançava e os queimava vivos, com um fogo negro e maligno. Depois que a sombra passava, um vento fortíssimo soprava, e a tribo, transformada em cinzas pelo fogo negro, ia se desfazendo até não restar mais nada. Ele tinha que ir até a sua tribo de origem.



Urso-Forte lhe pediu que levasse outros Uktena com ele, mas Nuvem-Vermelha quis ir sozinho. Depois da destruição dos Croatans, Nuvem-Vermelha não queria que o mesmo acontecesse com os Uktena. Ele iria sozinho e se tivesse que morrer, o seu espírito poderia avisar os outros Uktena e dar tempo para que pudessem se preparar. Ou esconder. A não ser que tivesse sua alma devorada por um Maldito.



O Apocalipse estava começando, mas os Cheyennes não ficariam desprotegidos. Eles tinham um Protetor.



Nuvem-Vermelha partiu em direção à sua tribo, usando sua forma de lobo-vermelho em sua viagem. Haviam passado muitas primaveras desde que ele tinha estado com a sua tribo humana, e as memórias de sua juventude inundavam sua mente, à medida que ia cruzando as paisagens áridas da vastidão das Terras Puras. Imagens dos carinhos de sua mãe Cheyenne, das primeiras caçadas de búfalo com seu pai, da sua iniciação nos segredos da terra e do Grande Espírito, do dia quando surgiram os primeiros sinais da sua herança lupina, da celebração da tribo quando da revelação de ser um Filho do Grande Espírito, um dos escolhidos pelos Uktena, a divina tribo dos homens-lobo. E ele se lembrava principalmente do juramento de sangue onde se sagrou Protetor dos Cheyenne.



Durante várias luas, Nuvem-Vermelha cruzou o deserto, passou por cânions e pela vegetação esparsa e ressecada do território entre sua Caern e a aldeia Cheyenne. Não via tantos búfalos quanto se lembrava, eles estavam mais raros. Um mau sinal.



Quando finalmente se aproximou do vale onde ficava a aldeia Cheyenne, Nuvem-Vermelha teve a confirmação dos seus medos. Ele sentiu um cheiro que conhecia muito bem. Era um cheiro acre e doloroso, vindo da putrefação de uma grande ferida espiritual. Era cheiro da morte sem honra. O cheiro de um massacre. O mesmo cheiro que sentira quando entrara no palco da morte dos Croatan. O cheiro de almas devoradas.



Mantendo sua forma lupina, Nuvem-Vermelha entrou na aldeia dos Cheyenne. Havia muito mais tendas do que ele se lembrava, porém quase todas estavam rasgadas, queimadas ou destruídas completamente. Apesar do fogo já ter se extinguido a muito, o cheiro de madeira, couro e carne queimada faziam o seu sangue ferver.



Nuvem-Vermelha assumiu sua forma humana e correu para o centro da aldeia, o foco da enorme ferida espiritual. Quando conseguiu passar pelos destroços das cabanas e pelos cadáveres de cavalos e porcos selvagens queimados, ele caiu de joelhos ao ver o que o aguardava no centro da aldeia. O guerreiro Uktena implorou para que o Grande Espírito arrancasse os seus olhos naquele momento, para apagar a visão terrível que estava na sua frente.



Empilhados no meio do Círculo Sagrado onde eram realizados as Grandes Danças, estavam centenas de corpos queimados e completamente enegrecidos, misturados uns aos outros em uma grotesca montanha de cinzas. Corpos de Cheyennes mortos; guerreiros, mulheres, crianças e velhos, estavam empilhados uns em cima dos outros, preenchendo completamente o Círculo Sagrado. A maioria dos corpos estava completamente queimada e irreconhecível, mas muitos ainda guardavam expressões de horror e desespero em seus rostos. Nuvem-Vermelha se aproximou dos corpos e notou que todos estavam perfurados, marcados com os buracos característicos das armas dos homens-brancos, os canos-de-trovão ou "rifles" como eles chamavam. Armas covardes, armas dos fracos. Ele sabia que seus pais deviam estar ali. O ódio explodiu em sua garganta e, tomado a enorme forma de Homem-Lobo, Nuvem-Vermelha uivou para a lua cheia que emoldurava a cena infernal.



__Você demorou Protetor-da-Tribo!



Nuvem-Vermelha se virou, ainda em sua forma de Homem-Lobo. Cinco guerreiros Cheyenne o estavam cercando. Quatro dos cinco ele não reconhecia, eram jovens, recém aceitos como guerreiros, como mostravam a pintura em suas faces. Porém o quinto ele conhecia, muito bem. Era um forte Cheyenne, mais novo do que ele, com os cabelos longos e negros soltos ao vento do deserto, e com uma cicatriz cortando o olho esquerdo, marcando uma face não muito diferente da sua. Era Trovão-Furioso, seu irmão humano.



Nuvem-Vermelha reverteu à sua forma humana e perguntou:



__O que aconteceu aqui...



Trovão-Furioso se aproximou de Nuvem-Vermelha e tirou uma faca de sua cintura. Era a Presa da Lua, a faca sagrada feita com o marfim dos chifres do búfalo morto quando um guerreiro cheyenne passava pelos Rituais de Sangue e se tornava um homem. Abrindo a mão, Trovão-Furioso passou a lâmina da Presa da Lua por sua palma, fazendo um risco rubro horizontal. Abrindo sua mão para Nuvem-Vermelha, ele respondeu:



__Veja, irmão. Quando nos cortamos nós sangramos! E a cicatriz não fecha! Não como você, não como os Homens-Lobo!Você falhou como Protetor-da-Tribo, Nuvem-Vermelha... De que valeu essa cicatriz que você me fez quando se transformou pela primeira vez em um homem-lobo? VOCÊ FALHOU! Droga, se ao menos eu tivesse o seu poder...EU NÃO TERIA ABANDONADO A TRIBO!



Nuvem-Vermelha segurou a mão cortada de Trovão-Furioso, enquanto encarava os seus olhos. Os demais cheyenne olhavam para os dois, impassíveis. Nuvem-Vermelha, apesar de mais novo do que Trovão-Furioso,era o Protetor-da-Tribo e assim tinha mais autoridade do que seu irmão. Porém as palavras de Trovão-Furioso ecoavam em sua mente. "Você falhou como Protetor-da-Tribo!". Será que isso era verdade? Os Uktena eram mais importantes do que os Cheyenne?



__ Porque vocês não me chamaram antes...__murmurou Nuvem-Vermelha, ainda segurando com força a mão cortada de Trovão-Furioso.



Trovão-Furioso baixou a cabeça. Nuvem-Vermelha soltou sua mão e olhou para ele. Depois de alguns momentos de silêncio, Trovão-Furioso respondeu, ainda de cabeça baixa:



__Fomos enganados. Há muitas primaveras estamos guerreando com os Sioux do norte pela posse dos Campos dos Búfalos. Porém nas últimas luas estávamos perdendo as batalhas por causa dos "canos-de-trovão" que os Sioux estavam recebendo de uma tribo de homens-brancos chamados de "casacos-cinza", ou alguma coisa parecida. Um dia recebemos um mensageiro de uma outra tribo de homens-brancos, os "casacos-azuis", dizendo que eles eram inimigos dos homens-brancos "casacos-cinza" e que nos dariam "canos-de-trovão" para derrotarmos os Sioux.



Nuvem-Vermelha olhou para Trovão-Raivoso. O que o seu irmão estava lhe dizendo? Cheyennes lutando contra Sioux? Isso era impossível. Cheyennes tentados a usar a arma dos covardes, a arma dos Arautos da Wyrm? Isso era magia de corrupção dos homens-brancos. Mas como os Cheyenne puderam ser seduzidos por isso? Parecendo adivinhar o seu pensamento, Trovão-Raivoso continuou:



__Muitos de nós fomos contra a idéia. Não é honroso lutar com os "canos-de-trovão", uma arma que faz com que o mais forte guerreiro morra pelas mãos de um fraco. Mas a tribo estava passando fome, irmão, os búfalos estavam cada vez mais raros e os Sioux estavam nos expulsando de nossas terras.



Nuvem-Vermelha murmurou:



__Não se deve aceitar presentes dos Arautos do Wyrm...



Como se não tivesse escutado, Trovão-Furioso continuou:



__O mensageiro trazia um carregamento com alguns "canos-de-trovão" como prova de boa-fé. Os testamos na batalha contra os Sioux e pela primeira vez em várias luas, conseguimos vencê-los. Matamos vários búfalos no território Sioux e fizemos um banquete para toda a tribo. As mulheres dançaram no Círculo Sagrado e as crianças puderam rir novamente.



Depois de uma pausa, Trovão-Raivoso continuou, colocando a mão no ombro de um dos guerreiros, um pequeno e forte cheyenne:



__Este é Punho-Flamejante, irmão. Ele é o nosso melhor rastreador e tinha ficado no campo de batalha para espionar as movimentações dos Sioux depois da derrota. Bem, em meio à festa da vitória, Punho-Flamejante retornou para a tribo dizendo que ouvira os Sioux dizendo que os "casacos-cinza" enviariam muitos guerreiros brancos para destruir a nossa aldeia. A festa acabou naquele momento.



Trovão-Raivoso parou por um momento e depois continuou:



__Não sabíamos o que iríamos fazer. A nossa honra nos impedia de fugir e não tínhamos "canos-de-trovão" suficientes para nos defendermos. Estávamos discutindo no conselho da tribo quando o mensageiro dos "casacos-azuis" apareceu. Ele parecia saber do que estava acontecendo e disse que se os guerreiros o acompanhassem até à sua tribo, ele daria mais "canos-de-trovão" e ainda cederia alguns dos seus guerreiros para enfrentar os Sioux e os "casacos-cinzas". Separamos dez dos nossos melhores guerreiros e fomos para o lugar que o mensageiro dos homens-brancos chamava de "Forte Bowie". Como íamos deixar poucos guerreiros para trás, usamos os Tambores Espirituais para invocar o Protetor-da-Tribo...



Trovão-Raivoso cerrou os dentes e fechou os punhos, e um fio de sangue escorreu de sua mão cortada e caiu sobre a terra. Pelos dentes cerrados, o Cheyenne continuou:



__Um grupo de "casacos-azuis" nos esperava no Forte Bowie.No momento em que nos viram, abriram fogo com seus "canos-de-trovão". Porém, como todo homem-branco, eram guerreiros muito fracos, e só conseguiram nos derrotar devido aos "canos-de-trovão". Dos vinte guerreiros que foram para o forte só restaram nós cinco. Retornamos imediatamente para a tribo, porém tivemos que nos esconder por causa de um grande grupo de guerreiros que estavam saindo do vale Cheyenne. Não pude acreditar quando vi dezenas de guerreiros Sioux andando lado a lado com guerreiros "casacos-cinza" e com os "casacos-azuis". Malditos traidores! Parece que a guerra entre os "casacos-cinza" e os "casacos-azuis havia terminado e agora eles estavam decidindo quem ficaria com as nossas terras.



Trovão-Raivoso deu uma outra pausa e exclamou com dificuldade:



__Nesse momento vimos gigantescas chamas que vinham da tribo. Foi difícil deixar de atacar os nossos inimigos naquele momento mesmo. Voltamos e nos escondemos. Eu podia escutar os gritos da nossa tribo mesmo à distância. Não agüentei escutar os tiros e os gritos de nossas mulheres e crianças e corri para a aldeia. Porém vi uma enorme sombra negra pairando sobre as tropas de "casacos-azuis" que chacinavam a nossa tribo. Senti um aperto no coração, uma sensação de que ia morrer ali mesmo. A sombra tinha a forma de uma aranha gigante, com dois olhos vermelhos no local onde devia ser sua cabeça. O seu olhar me petrificou, ela aprecia sorrir em meio ao massacre. Os "homens-brancos" pareciam não vê-la, mas ela estava lá. O olhar da gigantesca sombra foi a última coisa que eu vi. Punho-Flamejante me acordara ao amanhecer, quanto tudo já havia acabado. Isso foi a uma lua atrás...Você não viu o fogo porque no dia depois do massacre, o Grande-Espírito chorou e pela primeira vez em muitas primaveras, choveu no vale Cheyenne...



Nuvem-Vermelha olhou para os cinco guerreiros Cheyennes, os últimos de sua tribo. Um Maldito, os espíritos monstruosos que servem ao Wyrm, estava por trás do massacre dos homens-brancos.Só havia uma única coisa a fazer. Vingança.



__Os seus cavalos estão descansados?__perguntou Nuvem-Vermelha, o ódio pontuando cada palavra que saia de sua boca.



__Sim...__respondeu Trovão-Raivoso.



__Então vamos. Mostrem-me onde fica esse tal de Forte Bowie.



Então cinco guerreiros e um enorme lobo-vermelho saíram do Vale Cheyenne, deixando a paisagem infernal para trás e abraçando à noite, onde brilhava a lua vermelha da vingança.

***



Do alto da colina eles podiam ver o Forte Bowie. Era uma grande construção, que ficava às margens do Rio Colorado, uma maneira fácil de se conseguir uma provisão de água constante no meio da desolada paisagem. Havia alguns "casacos-azuis" fazendo guarda na entrada do Forte, mas os outros estavam reunidos em alguns grupos no interior das enormes muralhas. Nuvem-Vermelha podia ver alguns Sioux e uns poucos "casacos-cinza" dentro do forte.



O Forte era enorme e quadrado, com várias casas construídas em seu interior. Nas laterais erguiam-se quatro construções circulares, com dois "casacos-azuis" de sentinelas em cima. Os homens-brancos se isolavam da paisagem do Grande Espírito com muros. As tribos das Terras-Puras nunca construíam muros eram sinais de ingratidão com a terra. Muros eram sinais do Wyrm, o mal que estava lentamente consumindo o Grande-Espírito.



Mas eles tinham errado em construir tão perto do rio.



Concentrando-se, Nuvem-Vermelha mudou para sua visão espiritual. O que ele viu na Umbra não o surpreendeu, havia uma aura vermelho-negra contornando todo o forte, uma energia cheia de tentáculos que se estendiam da base dos enormes muros em direção à planície. Porém os tentáculos pareciam não conseguir espalhar muito além de alguns metros do forte. O Grande-Espírito estava lutando contra a corrupção que emanava dos "homens-brancos". Uma forte energia azul irradiava do Rio que passava ao leste do forte, mas os tentáculos negro-avermelhados impediam que as energias purificadoras invadissem o refúgio dos "casacos-azuis". Nuvem-vermelha tinha certeza, tamanha energia de corrupção só podia estar existindo por um único motivo.



O forte era o lar de um Maldito, os lacaios da Wyrm, as personificações da corrupção.



Porém ele não estava presente no momento, Nuvem-Vermelha não podia sentir o fedor característico de um Maldito, nem sua presença. Ele se virou para os guerreiros cheyennes, que aguardavam ansiosamente as suas ordens:



__Trovão-Raivoso, não posso fazer nada de fora do forte. Ele está protegido por uma magia poderosa, uma magia antiga que evitará qualquer ataque do Grande Espírito e certamente alertará o Maldito que a conjurou. Como sou marcado como um homem-lobo, eu não conseguirei entrar sem que a proteção seja quebrada. Se vamos nos vingar, eu preciso que vocês entrem lá e quebrem o fetiche que sustenta o feitiço. Eu posso sentir onde ele está...



Trovão-Raivoso olhou para os seus companheiros e sorriu, dizendo:



__Considere feito, irmão. O que devemos procurar?



__Uma pele de lobo, que deve estar naquela construção ali, o local onde os "homens-brancos" se reúnem para cultuar o seu deus. __disse Nuvem-Vermelha, apontando para uma pequena construção situada na parte sul do forte, que se diferenciava das demais por ter uma espécie de cruz de madeira no alto de seu telhado triangular.__Vocês têm que queimar o fetiche. Depois saiam, que eu terminarei a vingança...Mas antes, deixe-me compartilhar os seus olhos, Trovão-Raivoso, para que eu possa ver as suas ações.



Nuvem-Vermelha colocou sua mão no rosto do seu irmão e murmurou as palavras secretas que lhe foram passadas pelo espírito de Sesktchetawan, a Águia-que-tudo-vê. Sua mão brilhou com uma luz azul-prateada e em seu Olho da Mente, Nuvem-Vermelha pode via a si mesmo, do ponto de vista de Trovão-Raivoso.



__Agora vão!



Com um aceno de cabeça, Trovão-Furioso partiu com os demais guerreiros, sumindo por entre os arbustos que circundavam o forte. Nuvem-vermelha se transformou em um enorme lobo e desceu a colina, indo em direção ao Rio. Eles precisariam de toda ajuda possível, pensou Nuvem-Vermelha. Ele tinha certeza que o Grande-Espírito participaria com toda sua fúria da vingança que se desenhava para os "homens-brancos".


***



Com o Olho-da-Mente, Nuvem-Vermelha acompanhava os passos de Trovão-Raivoso. Os "casacos-azuis" não eram páreos para os guerreiros cheyenne, eles não sentiam a noite. Rapidamente, os guerreiros abateram os dois vigias na torre leste do forte, arremessando sua machadinhas com precisão. Os vigias caíram quase sem fazer barulho. Com a agilidade de um puma, os guerreiros escalaram rapidamente os muros da torre, usando as Presas da Lua para se apoiarem nas paredes feitas com a madeira arrancada das Terras Puras. Com a agilidade característica dos Cheyenne, os quatro guerreiros entraram no forte, se escondendo por entre as sombras das casas que ladeavam os quatro cantos do enorme muro. Eles escalaram até os telhados, e pulando-os, chegaram até a casa onde os homens-brancos cultuavam o seu deus.



Enquanto isso, Nuvem-Vermelha chegou até a beira do rio. Escondido dos olhares dos sentinelas pela densa vegetação da margem, Nuvem-Vermelha retornou à sua forma humana. Ele tirou o Fetiche dos Espíritos, um pequeno chocalho adornado com penas, onde o corpo de uma cobra empalhada se enrosca no cabo em torno da pata empalhada de um puma, pintada com as marcas sagradas dos Uktena. Nuvem-Vermelha começou a entoar um antigo cântico sagrado marcando o ritmo com o chocalho e quando sentiu que as portas do mundo espiritual estavam se abrindo, fez a invocação:



__Ó Grande Espírito das Águas! Ó Grande Uktena, a Cobra-Puma , escutem-me! Envie um dos seus filhos para purificar a Terra do Grande Mal! Por ti Uktena, eu invoco U`tlun'ta, a Serpente do Rio!



Um brilho azulado começou a surgir no centro do rio, logo à frente de Nuvem-Vermelha, e um redemoinho se formou no local da luz. Nesse momento, pelo Olho da Mente, Nuvem-Vermelha podia ver Trovão-Raivoso pegando o fetiche da Pele de Lobo que estava sob o altar dos homens-brancos. O redemoinho do centro do rio foi aumentando de velocidade, à medida que a luz azulada ia ficando mais brilhante. Do centro do redemoinho, uma gigantesca cabeça de serpente foi surgindo, uma serpente feita de água. Era enorme, e à medida que ia saindo do rio, seu tamanho aumentava cada vez mais. A gigantesca serpente de água, depois de atingir cerca de trinta metros de altura, se dobrou e aproximou sua gigantesca cabeça de Nuvem-Vermelha, que disse:



__Aguarde o meu comando, U`tlun'ta, e destrua a casa dos homens-brancos!



A gigantesca serpente de água abriu a boca em um sorriso. Ela era o espírito do rio e certamente estava ansiosa para punir os seres que estavam sujando o seu leito. Porém a proteção dada pelo fetiche do Maldito impedia que U`tlun'ta destruísse o forte.



Nuvem-Vermelha olhou para o forte através da Umbra e viu que os tentáculos negros desapareceram! Concentrou-se no Olho da mente e viu que Trovão-Raivoso havia queimado o fetiche. Porém, os "casacos-azuis" haviam descoberto os quatro guerreiros, e estavam entrando no templo onde estava o fetiche.



Transformando-se na sua enorme forma de homem-lobo, Nuvem-Vermelha subiu no pescoço de U`tlun'ta. Apesar da gigantesca serpente ser feita de água, a pele transparente era dura e escamosa. Cavalgando U`tlun'ta, ele gritou:



__AGORA!



U`tlun'ta atacou com violência os muros laterais do forte, levando consigo grande parte da água do rio. O impacto teve a violência de uma explosão, e os massivos muros se espatifaram em mil pedaços. Os "casacos azuis" corriam em direção a U`tlun'ta, mas tentáculos de água saíam de seu corpo e envolviam os soldados em torres largas de água, onde eles morriam afogados quase que instantaneamente, pois a Serpente forçava a água para dentro de seus pulmões.



Nuvem-Vermelha uivou em sua forma de homem-lobo e pulou em um salto gigantesco do alto da cabeça de U`tlun'ta em direção à entrada do templo dos homens-brancos. Lá, seis "casacos azuis" ainda mantinham Trovão-Raivoso e os outros quatro cheyennes sob a mira dos "canos-de-trovão". Nuvem-Vermelha aterrissou em cima de um dos casacos azuis, praticamente partindo-o em dois com suas poderosas garras de homem-lobo. Um segundo se virou para atirar em Nuvem-Vermelha, mas o guerreiro Uktena segurou seu "cano-de-trovão" e o destruiu com uma única mão. Com a outra, Nuvem-Vermelha atravessou o corpo do "casaco-azul" até que suas garras apareceram pelas costas do soldado morto. Os demais cheyennes atacaram e derrotaram facilmente os outros "casacos azuis" que ainda estavam aterrorizados com a forma monstruosa de Nuvem-Vermelha.



Na área central do forte, U`tlun'ta continuava o massacre dos homens-brancos, matando dezenas com seus enormes tentáculos de água, enquanto o seu massivo corpo ia destruindo as casas que circundavam a área central. Muitos atiravam em vão no corpo de U`tlun'ta, outros tentavam fugir, mas os tentáculos da Serpente de Água os alcançava antes que pudessem sair do forte.



Nuvem-Vermelha se virou para Trovão-Raivoso e disse:



__Vamos! Não podemos deixar U`tlun'ta ter todo o divertimento!



__Realmente não podemos...__respondeu Trovão-Raivoso, se aproximando de Nuvem-Vermelha.



Então, com uma velocidade impressionante, Trovão-Raivoso tirou o Fetiche dos Espíritos da cintura de Nuvem-Vermelha.



__O que você está fazendo?__disse Nuvem-Vermelha, surpreso.



Sem responder Trovão-Raivoso quebrou o Fetiche dos Espíritos em sua mão. Uma explosão e um brilho fortíssimo, vindo do fetiche quebrado, quase cegou Nuvem-Vermelha. Imediatamente, U`tlun'ta caiu, o seu corpo todo transformado em água e o espírito que o animava longe do plano material.



Nuvem-Vermelha foi se afastando de Trovão-Raivoso. O chão do forte estava molhado e cheio de corpos de "casacos-azuis" mortos por U`tlun'ta. Os sobreviventes se aproximavam de Nuvem-Vermelha, empunhando os "canos-de-trovão" e cercando o homem-lobo. Trovão-Raivoso gargalhava, junto com os demais cheyennes.



__Você é muito ingênuo, Uktena, mas fique feliz. O Wyrm recompensa a ingenuidade com uma morte rápida. Eu te trouxe até aqui sem que você percebesse o que estava acontecendo. Sabe os tambores espirituais que você escutou? Eu forcei o verdadeiro Trovão-Raivoso a usar para te chamar. E você veio, Uktena, como todos os outros estão indo para salvar suas preciosas tribos de origem.



Uma gigantesca pata de aranha explodiu do peito de Trovão-Raivoso e se estendeu em direção ao chão. O corpo do cheyenne começou a inchar, e outras pernas de aranha negras e horrendas se projetavam para fora. Elas se apoiavam no chão e iam suspendendo o corpo de Trovão-Raivoso. Nuvem-Vermelha se afastava, não acreditando no que estava vendo.



__Você foi muito fácil de hipnotizar, Uktena! Bastou o ódio que surgiu em você ao ver os restos do banquete de almas que fiz com sua tribo de origem. Bastou isso para que eu pudesse implantar um pequeno feitiço em sua mente. O feitiço te cegou para a minha presença e a presença dos meus servos, enganando o seu sentido espiritual. O Wyrm só afeta quem carrega um pouco da sua fúria dentro, e foi o seu ódio que permitiu isso, Uktena. Agora eu tenho um homem-lobo em meu covil e finalmente vou poder saber ONDE FICA A SUA CAERN!



O Maldito se manifestou completamente, explodindo os restos do corpo de Trovão-Raivoso. Tinha uma forma que lembrava uma gigantesca aranha, porém o rosto era parecido de um lagarto do deserto, cheio de escamas e espinhos enormes. Dois olhos vermelhos o fitavam de uma altura de dez metros e o gigantesco corpo aracnídeo do monstro ostentava um gigantesco abdômen, que estava muito dilatado. De dentro do abdômen, Nuvem-Vermelha podia discernir centenas de luzes brancas vibrando e girando como vaga-lumes. O ódio o tirou do torpor em que estava; aquelas eram almas ainda não digeridas. Eram as almas dos Cheyennes.



Nuvem-Vermelha pulou em direção ao Maldito, mas no mesmo momento, um dos Cheyennes pulou em sua direção. Nuvem-Vermelha viu o Cheyenne se transformar em um enorme arremedo de homem-lobo, porém com um rosto e orelhas parecidos com o de um morcego. Era um Dançarino da Espiral Negra, a amaldiçoada tribo de homens-lobo que se aliara ao Wyrm!



Os dois se encontraram em pleno ar e entraram em um combate ferrenho. O Dançarino mordeu o pescoço de Nuvem-Negra, que girou no ar e caiu no chão, desferindo dezenas que golpes no tórax do inimigo. Nuvem-Negra segurou as mandíbulas do Dançarino e com um urro, abriu as mandíbulas, quebrando o crânio do Dançarino. O monstro caiu aos seus pés, porém os outros cheyennes também se transformaram em Dançarinos e pularam em cima de Nuvem-Negra, o imobilizando no chão.



O Maldito se aproximou e disse:



__E agora, Uktena, como vou fazer você me contar onde fica a sua Caern? Um pouco de dor ajudaria, não?



__Você me enganou...queimou o Fetiche da Pele do Lobo para que eu entrasse em seu covil...



__Sim, queimei, Uktena...Tive que matar milhares de tribos para fazer um feitiço tão potente, porém, foi um sacrifício em nome de uma boa causa, as deliciosas almas dos homens-lobos, esperando para serem devoradas...Mas você me deu uma idéia, Uktena! Meus Dançarinos tragam fogo! Queimarei você aos poucos, até que você me diga ONDE FICA O SEU CAERN!



Um dos Dançarinos pegou uma tocha de um dos "casacos azuis" e a aproximou da cabeça do Nuvem-Vermelha. O Maldito continuou:



__Queime primeiro um dos olhos...Quero saborear esse momento, vagarosamente...



O Dançarino aproximou a chama para perto do olho esquerdo de Nuvem-Vermelha, que tentava em vão se libertar dos outros Dançarinos que o mantinham preso no chão. A chama foi se aproximando, queimando o pelo vermelho da face do Uktena e se aproximando de seu olho.



__ ATSILA, A DAMA DO FOGO, EU TE INVOCO!__ gritou Nuvem-Vermelha repentinamente.



A chama da tocha aumentou imediatamente, e uma bela mulher de fogo surgiu em meio às chamas. O Dançarino soltou a tocha, porém antes que ela caísse no chão, a mulher de fogo pulou em direção ao Maldito, atingindo-o no centro do seu inchado abdômen. Ali ela ficou por um segundo e depois partiu do plano Material com uma grande explosão. Atônitos, os Dançarinos que seguravam Nuvem-Vermelha relaxaram a força com que o prendiam no chão. Nuvem-Vermelha levantou-se com violência, jogando-os para longe. O Maldito se debatia com o abdômen completamente destruído.



Nuvem-Vermelha invocou mentalmente Unole, o espírito do vento, e imediatamente levantou vôo. Mas não subiu muito. O Maldito havia agarrado uma de suas pernas usando uma teia que saia do meio de seus olhos.



__Você não irá fugir, Uktena...



Nuvem-Vermelha olhou para baixo e disse:



__Você cometeu dois erros fatais, Maldito. O primeiro foi destruir o fetiche, permitindo que minha magia funcionasse dentro desse terreno amaldiçoado. O segundo foi ter devorado os Cheyennes, a tribo mais guerreira das Terras Puras! ELE É DE VOCÊS MEUS IRMÃOS!



__O que... __ murmurou o Maldito, na mesma hora em que centenas de almas branca-azuladas saiam do seu abdômen aberto e começavam a atacar o seu corpo. Eram corpos de luz que tomavam a forma que tinham em vida; jovens guerreiros cheyennes, velhos, crianças, todos se agarravam ao corpo do Maldito e começavam a arrancar pedaços de sua carne. O monstro urrava de dor e os seus lacaios fugiam do lugar. Nuvem-Vermelha, se libertando da teia, disse:



__Você não podia esperar digerir as almas, tinha que devorar mais e mais...Agora elas terão o que eu tinha prometido, vingança!



E o Uktena voou para longe daquele lugar profano, deixando as almas dos cheyennes destroçando o Maldito. E as lágrimas que caiam dos olhos do homem-lobo somaram-se às estrelas daquela trágica noite.





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